Contaminação Ambiental: o chumbo no Vale do Ribeira - PR / SP


Autor: Ceusnei Simão - Engenheiro Florestal, M.Sc.

Histórico 
A história da contaminação ambiental por chumbo no vale do Ribeira Paranaense inicia-se com a instalação da Exploradora mineral Plumbum S.A. A empresa durante 50 anos de atividade de exploração e refino do chumbo chegou a empregar 450 pessoas no seu auge de produção, sendo a maior geradora de empregos da região de Adrianópolis, PR. 

O seu fechamento em 1995 causou muitos impactos sócio-econômicos na região, e gerou um passivo ambiental de milhares de toneladas de chumbo, que ao longo de décadas estão causando a contaminação do solo, contaminação das águas, contaminação do ar (poeira), e o mais grave, contaminação humana.

Realidade sócio-econômica da região
É a região mais pobre do Estado do Paraná;
Teve a redução da população de 10 mil para 5 mil em 10 anos;
É uma das áreas mais carentes do estado; 
Possuí potencial de minerais não metálicos (calcário); 
É pólo de reflorestamento (Pinus); Possuí acentuação do desemprego, redução da economia, carência nas áreas de saúde e educação; 
É presente a concentração da terra e renda (Pinus - Multinacionais) e o declínio da atividade agrícola família; 
Houve queda no IDH.

Contaminação dos recursos hídricos
Os Sedimentos do rio Ribeira apresentam concentrações de chumbo de até 175 partes por milhão, valor bastante elevado;
As rochas calcárias no Alto Vale do Ribeira (pH das águas superficiais acima de 8), não favorecendo a liberação dos metais pesados dos sedimentos e dos rejeitos para as águas;
Amostras de água do rio apresentam baixas concentrações de chumbo, inferiores a 10 mg/L, limite máximo permitido em água potável;
Águas de torneiras das casas também apresentam baixos teores de chumbo.

Contaminação do solo
Em amostras de solo superficial, coletadas a várias distâncias da refinaria as concentrações de chumbo variam de 21 a 916 partes por milhão, aumentando em direção à planta industrial;
Em amostras de solos de hortas residenciais e em amostras de poeira coletadas no interior de residências há concentrações excessivas de chumbo;
Há descartes de minas e depósitos de rejeitos minerais com altas concentrações de chumbo no Rio do Rocha e Panelas de Brejaúvas;
Houve reutilização dos rejeitos do chumbo para pavimentação (na Vila Mota e Capelinha)


Contaminação dos alimentos
Dados de 2004 e 2005, resultantes da análise de certos alimentos consumidos pelas populações, revelaram que, com exceção do leite e milho, há concentrações de chumbo em ovos e em várias espécies de verduras e de legumes, colhidos nas hortas das comunidades próximas da refinaria, que excedem os limites estabelecidos pela legislação brasileira


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