Em 1943, o etnólogo alemão naturalizado brasileiro Curt Nimuendajú produziu documento que se tornou referência no estudo das etnias indígenas no país, com o nome de Mapa Etno-histórico do Brasil e regiões adjacentes. Pertencente ao acervo do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, o material agora é parte integrante do programa Memória do Mundo, da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Além de reconhecer a importância do mapa, o projeto facilita a preservação.
O Mapa Etno-Histórico de Curt Nimuendajú é um instrumento de consulta dos mais importantes para os pesquisadores que trabalham com os índios do Brasil. Ele foi editado no Rio de Janeiro, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em colaboração com a Fundação Nacional Pró-Memória/Secretaria de Planejamento da Presidência da República, em 1981.
O mapa é formado por dois volumes: um deles contém índices das sociedades indígenas, bibliográfico e de autores, bem como textos de esclarecimento a respeito da ortografia dos nomes tribais e de outros assuntos de interesse. O outro, sob a forma de encarte, é o mapa propriamente dito, que mostra a localização das sociedades indígenas no território brasileiro em diferentes épocas, traçando, em alguns casos, possíveis rotas de migração e assinalando a filiação lingüística das diversas sociedades.
O autor do mapa foi Curt Unkel, um alemão nascido em Jena, em 1883, e que muito cedo saiu de sua terra natal para viajar. Chegou ao Brasil em 1903, onde se fixou em São Paulo, até 1913, e depois em Belém. Ele era um autodidata e nunca realizou estudos universitários. Curt viajou muito em terras brasileiras e conviveu durante 40 anos com diferentes sociedades indígenas, sempre escrevendo e fazendo anotações em alemão.
Curt recebeu o nome Nimuendajú dos Guarani, com quem viveu durante a primeira década do século XX, submetendo-se a uma cerimônia de batismo presidida por um pajé. O nome significa "o ser que cria ou faz o seu próprio lar". Acabou por adotar o novo nome e passou a assiná-lo.
Curt Nimuendajú trabalhou e realizou pesquisas para o Museu do Ipiranga (São Paulo), Serviço de Proteção aos Índios (no qual ingressou em 1911), Museu Nacional (Rio de Janeiro), Museu Paulista (São Paulo), Museu Paranaense (Curitiba), Museu Paraense Emílio Goeldi (Belém) e para diversos museus e universidades do exterior. Fez escavações arqueológicas, coletou material lingüístico e objetos da cultura material dos povos com quem conviveu, realizou estudos etnológicos, fez levantamentos geográficos, desenvolveu trabalhos topográficos e cartográficos, registrou a música indígena, sempre ilustrando suas anotações com seus desenhos a bico de pena.
Ele produziu uma obra vastíssima, muita coisa editada em línguas estrangeiras, e morreu em circunstâncias cercadas de mistério, durante mais uma de suas viagens de pesquisa de campo, provavelmente em 1945, no estado do Amazonas. Seu espólio científico (biblioteca, arquivo) foi adquirido pelo Museu Nacional.
Visualize o e faça o download de Mapa de Nimuendajú (1943) (atenção: Leia os Termos de Uso):
Mapa etno-histórico do Brasil e regiões adjacentes. Adaptado do mapa de Curt Nimuendajú, 1944. Rio de Janeiro: IBGE. [download, tamanho do arquivo 28.89 MB, formato .JPG]
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